Como parar de Procrastinar? Veja algumas dicas que vão te ajudar
Se você ou seu filho são daquelas pessoas que esperam até o último segundo para começar algumas tarefas, cuidado: vocês podem estar sendo vítimas do vício da procrastinação. Esse é o hábito terrível de adiar os afazeres que acomete muito mais gente do que se imagina.
Diferentemente da preguiça, a procrastinação nada mais é do que o famoso “deixar para depois”. Quando isso acontece, a pessoa fica estressada, ansiosa e, em muitos casos, frustrada por não conseguir fazer o que era preciso dentro do prazo.
Dessa forma, para evitar que esse comportamento comprometa o desenvolvimento pessoal e emocional das crianças e adolescentes, é preciso encontrar alternativas para eliminar a procrastinação desde cedo. Confira neste artigo o que é o vício da procrastinação, como ele prejudica a aprendizagem e as boas práticas que a família pode adotar para controlar o ato humano de procrastinar.
O que é o vício da procrastinação?
Colocando em linhas claras, podemos dizer que é o ato de deixar para realizar uma tarefa, obrigação, compromisso ou responsabilidade em outro dia ou momento. A procrastinação se torna um vício quando é feita com frequência suficiente para prejudicar nossa vida pessoal e profissional — por exemplo, quando atrasamos a entrega de um relatório no trabalho ou adiamos consultas médicas de forma recorrente o suficiente para prejudicar nossa saúde e bem-estar.
Ainda segundo o dicionário, “procrastinar” é o ato de postergar para amanhã, ou, ainda, significa “adiamento”. Na expressão popular, procrastinar é “empurrar com a barriga”.
Como diferenciar procrastinação e preguiça?
O reconhecimento da responsabilidade é um ponto-chave para diferenciar o preguiçoso do procrastinador, apesar de não ser o único. Quem está com preguiça decide não fazer e pouco se importa com as consequências. A pessoa que está procrastinando, no entanto, deseja adiar a atividade pois entende que ela é a responsável.
O senso de responsabilidade faz com que o procrastinador fique ansioso por não solucionar a demanda, se sinta culpado e receoso com as consequências. Um aluno que não estuda para as provas com antecedência, por exemplo, pode aumentar sua tensão durante os testes por entender que vai sofrer consequências da sua inação.
Por que os adultos e crianças procrastinam?
Todos nós já procrastinamos alguma vez na vida, até mais do que gostaríamos de reconhecer. É próprio da condição humana, e fazemos isso quando a tarefa a ser executada não é tão divertida quanto aquelas que fazemos por prazer ou lazer.
A pessoa que faz suas entregas com atraso se sente decepcionada consigo mesmo por esse motivo. Esse sentimento desencadeia o adiamento de outras responsabilidades, e por aí vai. É um círculo vicioso que só tende a piorar com o tempo, principalmente quando o procrastinador começa associar seu comportamento, que é consciente, às possíveis incapacidades ou falta de conhecimento.
A procrastinação em crianças e adolescentes é bem comum durante a fase escolar. Manifesta-se, principalmente, quando existe um trabalho demorado que deveria ser feito antes de jogar videogame, questões de fixação que atrapalham a ida ao cinema ou, até mesmo, a prática esportiva que deixa de ser feita quando estreia uma série nova na TV.
Geralmente, a procrastinação surge devido à falta de gerenciamento do tempo e organização. Em muitos casos, também devido à falta de gestão emocional frente a emoções como medo de falhar e baixa autoestima, ocasionada por problemas de aprendizagem, insegurança etc.
No entanto, é preciso ficar atento quanto à procrastinação frequente, pois pode evidenciar sinais de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou, até mesmo, depressão.
Como o vício da procrastinação prejudica a aprendizagem das crianças e adolescentes?
A procrastinação viciosa, ou seja, recorrente e ininterrupta, pode prejudicar a saúde não só de adultos como de crianças e adolescentes de diversas formas. Se não tratado, o vício da procrastinação aumenta a carga de estresse do indivíduo e também pode desencadear:
- a vergonha;
- a autocrítica;
- a culpa de não cumprir com as obrigações e promessas;
- a diminuição da produtividade;
- a falta de energia;
- a má alimentação;
- a ansiedade;
- sintomas físicos, como dor de cabeça e dores pelo corpo.
O estresse e o cansaço que aparecem quando procrastinamos nossas tarefas ocorrem porque nunca adiamos o que gostamos e temos prazer de fazer. Só deixamos para depois o que temos certa resistência e preguiça.
Um exemplo clássico de procrastinação começa logo no início do dia. Quem nunca apertou o botão de soneca do despertador para acordar alguns minutinhos depois do planejado na noite anterior? Sem contar em trabalhos e relatórios que sempre deixamos para a última hora.
Esses sintomas prejudicam não só adultos como também crianças e adolescentes. Porém, no caso dos jovens, o maior agravante se deve à ineficiência no gerenciamento de emoções. Adultos tiveram tempo suficiente, pelo menos em tese, para aprender a se autogerenciar, os jovens não. Tudo é novo, assim como as responsabilidades, os medos e os sentimentos.
Em crianças e adolescentes, a procrastinação pode causar queda de rendimento escolar, diminuição do foco, da concentração e da criatividade, além de estresse e raiva, motivos pelos quais é importante encontrar alternativas para gerenciar esse comportamento o quanto antes.
Quais os sinais da procrastinação em crianças e adultos?
Para que os responsáveis possam ajudar seus filhos a não se tornarem procrastinadores, é importante que sintomas e sinais sejam observados no comportamento infantil e do adolescente.
Dificuldade para cumprir horários
Seja na hora de acordar, seja no momento de sair de casa para a escola, a dificuldade de cumprir horários marcados é um sinal de adiamento dos compromissos firmados.
Excesso de uso de telas
Crianças e adolescentes com acesso à smartphones tendem a aumentar o uso dos equipamentos quando os hábitos de procrastinação estão se estabelecendo nas rotinas. Isso porque eles proporcionam uma distração rápida que mascara, inclusive, as preocupações iniciais de não fazer algo que é preciso.
Baixa de performance e na qualidade das entregas
A procrastinação atinge todo tipo de aluno, inclusive aqueles com histórico de boas notas. Com isso, ao longo do tempo, os responsáveis e professores podem perceber uma queda na performance escolar, com esquecimentos ou entregas de trabalhos com baixa qualidade e capricho usual.
Tristeza e desânimo
Pessoas que sofrem com a procrastinação se sentem culpadas, não gostam das consequências que sua falta de ação causa. Elas têm consciência sobre a importância das atividades que estão adiando e, por isso, se entristecem com sua falta de atitude.
No ambiente escolar, outros sinais podem indicar que a procrastinação está prejudicando o aluno, como a reclamação de colegas pela falta de contribuição da criança ou adolescente nas atividades coletivas, a falta de atenção ou dificuldade de concentração durante as aulas.
Por que é importante monitorar os sintomas da procrastinação na infância e adolescência?
Identificar esses e outros sintomas da procrastinação, portanto, é essencial para que os pais não permitam que ela se instale e traga consigo todas as consequências já mencionadas, como ansiedade, depressão, desânimo, baixa performance e até efeitos físicos no organismo do jovem.
Vale lembrar também que, nesses primeiros anos da infância e adolescência, o indivíduo está formando hábitos que vão acompanhá-lo ao longo da vida e, nesse sentido, é importante garantir que eles sejam os mais saudáveis e funcionais possíveis para seu desenvolvimento e sucesso.
Como o vício da procrastinação é passado de pais para filhos?
Não adianta negar, todos nós já procrastinamos em alguma tarefa. Quem já criou o hábito de procrastinar sempre tem muita dificuldade de abandoná-lo. Por isso, é importante que os pais ajudem os filhos a não adotar esse costume. A melhor forma para começar a ajudá-los é ser um bom exemplo.
Segundo estudos, 20% dos adultos da população mundial são procrastinadores crônicos — apenas no Brasil, esse grupo alcança a margem de 20 milhões de pessoas. Se você, pai, mãe, responsável ou pessoa próxima, procrastina além do normal perto de uma criança, se pergunte se está sendo um bom exemplo.
O vício de procrastinar dos pais também pode influenciar o comportamento dos filhos. Afinal, eles se espelham nesses vínculos afetivos para agirem. E pode acreditar: criar esse hábito, ainda mais na infância, pode afetar a saúde deles futuramente.
Crianças que aprendem a procrastinar logo cedo podem desenvolver problemas de atenção, impulsividade, estresse e ansiedade. Ou seja, tal hábito pode afetar de maneira significativa o desenvolvimento emocional e a inteligência do jovem.
A saúde física também pode ser afetada, uma vez que pessoas que deixam tudo para depois adiam a ida aos médicos, o início de tratamentos e a prática saudável de atividades físicas. Tudo isso afeta a sensação de bem-estar, além de aumentar o estresse e a infelicidade.
Como acabar com a procrastinação?
Procrastinar é uma bola de neve, na medida em que podemos nos sentir felizes por algumas horas, enquanto deixamos aquela atividade para depois, mas logo o sentimento ruim chega e começa a impactar o nosso bem-estar.
A seguir, vamos às 14 dicas de como acabar com esse hábito que só atrapalha a vida das pessoas! Vale ressaltar que essas dicas também servem para os pais que querem ajudar seus filhos!
1. Não comece o dia já procrastinando
Evite apertar o botão de soneca do despertador. Tente esquecer que a funcionalidade existe! Os cinco minutos de soneca podem chegar a 20 minutos, e você começará o dia com sentimento de culpa. Se tiver um compromisso logo pela manhã, vai sair de casa com pressa, culpa e sono.
Uma dica de ouro é começar o dia arrumando a cama. Fazer isso todas as manhãs traz uma sensação de orgulho por realizar a primeira tarefa do dia. Essa sensação será o gás que você precisa para realizar todos os seus outros compromissos.
2. Crie uma lista de tarefas
Organize todas as tarefas que você tem que cumprir por ordem de prioridade. Isso te ajudará a ter clareza do que fazer, e a felicidade de riscar um afazer da lista não tem preço. Sua lista pode ser feita em um post-it, caderno, planner ou aplicativo específico. Deixe-a ao seu lado, em um local visível, e vá atualizando ao longo do dia.
3. Torne o ambiente adequado
Se o mundo à nossa volta contribui para adiarmos ainda mais o que temos que fazer, a dica é mudar o ambiente que nos cerca. Deixe o ambiente, de trabalho ou estudo, preparado para você realizar suas atividades da maneira mais tranquila possível. Escolha também um local arejado e claro, de preferência, com uma boa cadeira para ficar confortável.
4. Crie metas e estabeleça um prazo limite
Criar metas para você mesmo pode ajudar a não adiar o que tem que ser feito. Estabeleça um prazo para finalizar determinada tarefa e vá em frente. Vale ressaltar que também é importante estabelecer metas aceitáveis, não coloque uma coisa impossível na sua lista, como escrever um livro em uma semana ou estudar o conteúdo do mês inteiro em um dia. Estabelecer objetivos inalcançáveis pode trazer frustração e piorar a situação.
5. Comece de uma vez
Pessoas que procrastinam costumam ficar pensando muito antes de iniciar uma tarefa. Para resolver essa questão, ter uma lista de prioridades é essencial. Após o primeiro passo, tudo fica mais fácil.
6. Bloqueie estímulos externos
Se o barulho da rua distrai, feche a janela. Às vezes, o menor ruído pode tirar o foco e a concentração. Ao ficar muito tempo tentando produzir algo sem êxito, logo você deixará de tentar, ou seja, procrastinará mais. Identifique esses estímulos e os bloqueie. Feche janelas e portas e desligue a televisão e as notificações, se necessário.
7. Tenha foco e realize uma coisa de cada vez
Quando há uma lista de coisas para fazer, às vezes, a indecisão do que é mais importante ou, até mesmo, a tensão de ter muitas tarefas pode fazer você perder minutos preciosos. Escolha a primeira, tenha foco e finalize uma coisa de cada vez. Em ocasiões assim, ser multitarefa não funciona muito.
8. Resolva as tarefas mais fáceis primeiro
Iniciar seu dia por uma tarefa demorada pode causar muita tensão. A sensação de que não está saindo do lugar em relação ao resto das prioridades pode impactar seu foco e concentração. Começar pelas tarefas mais fáceis ajudará a manter a motivação em alta e a riscar mais itens da sua lista de coisas para fazer.
Se tem na sua lista apenas tarefas longas, uma boa forma para trazer satisfação e motivação é dividir essa tarefa em pequenas partes. Dessa forma, você conseguirá pequenos momentos de realização e satisfação enquanto a realiza. Seu cérebro recebe esse estímulo e não desanima. Além disso, você conseguirá perceber aquela tarefa longa progredindo e se sentirá produtivo, mais calmo e feliz.
9. Organize-se
Manter uma lista de tarefas, seu local de trabalho ou estudo limpos e os estímulos externos e distrações sob controle ajuda bastante na organização. Saber onde está cada coisa é ótimo para economizar tempo e foco para realizar tudo sem problemas. Pense no que precisará durante o dia e deixe as coisas por perto.
10. Aprenda a gerenciar seu tempo
Não adianta nada ter uma lista de tarefas diária se cada coisa nela gasta horas do seu tempo. Você chegará ao final do dia com a sensação de que não conseguiu realizar nada. Saiba o tempo que cada tarefa levará para ser realizada e as distribua durante a semana de forma equilibrada. Outra dica para gerenciar o tempo é o uso de aplicativos.
11. Elimine distrações
Notificações de redes sociais, por exemplo, costumam ser nocivas para o foco. Coloque o celular no modo avião para não receber notificações ou use aplicativos que silenciam o smartphone durante horários preestabelecidos. É importante não dar espaço para o comportamento procrastinatório.
12. Desenvolva o autoconhecimento
Ao se conhecer, você entenderá como o seu eu procrastinador funciona. Tente descobrir quais elementos reduzem sua atenção, foco e produtividade. Como a sua procrastinação se manifesta? O autoconhecimento é o primeiro passo para se desenvolver emocionalmente e acabar de vez com maus hábitos.
13. Gerencie suas emoções
Aprender a lidar com seus sentimentos, especialmente os negativos, também é importante para superar a procrastinação. Por vezes, nossas emoções jogam contra nós. O medo e a culpa, por exemplo, tendem a nos fazer desistir de projetos ou atrasá-los. Aprenda a não só identificar as emoções que fazem mal como, também, a gerenciá-las.
14. Estabeleça um sistema de recompensa
Estabeleça um sistema, por exemplo, a cada 2 horas de trabalho ou estudo, tire 20 minutos para usar as redes sociais. A recompensa varia de pessoa para pessoa, então, identifique o que mais gosta e faça disso um prêmio pelo seu esforço. Vale a pena!
15. Pratique a atenção plena
Adotando as medidas anteriores, como eliminar distrações e gerenciar suas emoções, é possível dedicar alguns poucos minutos do seu dia para praticar a atenção plena, também chamada de Mindfulness. Nela, a concentração é toda voltada para a respiração e o momento presente, evitando pensamentos sobre o que aconteceu e o que está por fazer.
16. Abrace o ócio criativo
Como explica o professor de Psicologia e autor do livro Solucionando o enigma da Procrastinação, Tim Pychyl, a procrastinação é uma estratégia de sobrevivência que tem como objetivo priorizar as emoções. Ou seja, não está relacionada a falhas na gestão do tempo, mas no controle das emoções.
Compreendendo que ela está relacionada aos sentimentos, é possível controlar os momentos de procrastinação e transformá-los em períodos de ócio criativo. Nele, as crianças e adolescentes poderão trabalhar o relaxamento. Mas, para isso, telas e outras distrações devem ser evitadas.
Viu como não é tão difícil acabar com o péssimo hábito da procrastinação? É só ter foco e força de vontade que você consegue!
O vício da procrastinação pode ser muito prejudicial para nossa saúde mental e física, por isso é preciso reduzir esse comportamento o quanto antes. No caso de crianças e adolescentes, os familiares e responsáveis precisam ficar atentos. Se essas dicas não funcionarem, é recomendado buscar ajuda profissional para descobrir se existe um motivo por trás da procrastinação, como TDAH ou depressão.
Para aqueles que lutam contra a procrastinação, também é importante não se cobrar demais. Comece com passos pequenos, como essas dicas que ensinamos, e aprenda a gerenciar não só suas emoções como, também, seu tempo disponível.
Neste artigo, explicamos o que é o vício da procrastinação e como ele prejudica adultos e crianças e adolescentes em fase escolar, e falamos sobre a importância do exemplo dos pais para quebrar esse ciclo. Também apresentamos algumas boas práticas que vão ajudar toda a família.
No seu ambiente familiar, existe alguma outra combinação que ajuda a evitar o vício da procrastinação? Compartilhe esse post em suas redes sociais com as suas dicas de como lidar com essa situação.