Neurose: O que é, Sintomas, causas e possíveis tratamentos


Neurose: O que é, Sintomas, causas e possíveis tratamentos

O que é a Neurose?

A neurose é entendida como um conjunto de condições psicológicas marcadas por alterações emocionais significativas, afetando indivíduos globalmente de maneiras diversas. 

Caracteriza-se por um estado psíquico em que o indivíduo apresenta preocupações excessivas com diversos aspectos de seu entorno, mostrando-se emocionalmente frágil, com dificuldade em lidar com críticas, mudanças ou situações que desafiam sua zona de conforto.

Indivíduos com tendências neuróticas possuem uma distinção menos clara entre o consciente e o inconsciente, o que pode resultar em manifestações como histeria, compulsões e obsessões. 

A neurose pode ser vista como um mecanismo de autorregulação mental frente a traumas e emoções reprimidas desde a infância, durante os estágios de desenvolvimento. Assim, emoções anteriormente suprimidas podem ressurgir em momentos de estresse, evocando no inconsciente lembranças de tais eventos.

Pessoas com características neuróticas frequentemente exibem suas emoções de maneira intensa, devido a pensamentos que provocam ansiedade e nervosismo no cotidiano, impactando negativamente diversos aspectos de suas vidas. 

Essa sensibilidade as torna particularmente vulneráveis, muitas vezes incapacitando-as de responder adequadamente às mudanças e desafios da vida. Apesar do termo “neurose” ser amplamente utilizado no discurso popular, muitos desconhecem seu significado preciso e as complexidades que envolve. 

O que é a neurose?

Neurose é um termo que os psicólogos utilizam para falar sobre certos problemas de saúde mental que podem fazer com que a pessoa tenha muita ansiedade, medo ou se comporte de maneira repetitiva e obsessiva. 

Basicamente, é quando a mente reage de forma exagerada a coisas que aconteceram no passado, fazendo com que a pessoa se sinta muito mal ou tenha dificuldade para lidar com situações do dia a dia.

Conceito e origem do conceito

A neurose foi classificada pela primeira vez como sendo uma doença advinda de distúrbios nervosos e psicológicos. O médico William Cullen, no ano de 1769, apresentou este termo. Porém, foi Sigmund Freud quem desenvolveu a teoria psicanalítica e acabou por dar um significado ao termo como sendo o modo como o indivíduo se relaciona com os seus desejos e com as suas contradições.

Para entender o que é esse fenômeno se faz necessário compreender que, assim como alguns distúrbios psíquicos, ele tem a sua origem na infância, durante a constituição do sujeito em suas fases de desenvolvimento.

Sendo assim, o recalcamento dos conteúdos conflituosos e indesejáveis serve como um mecanismo de defesa psíquico do indivíduo a fatores externos, embora estes permaneçam no inconsciente de cada um. Tais mecanismos, quando disparados, tendem a vir à tona na forma de sintomas e de padrões repetitivos de comportamento.

Neuroses se caracterizam como sendo uma resposta a eventos que foram recalcados, ou seja, que foram reprimidos como uma estratégia mental de defesa, que está relacionada a um ou mais momentos específicos da formação da sua personalidade.

Elas podem ser categorizadas em diferentes tipos, conforme as particularidades e sintomas específicos.

Os três tipos de neuroses: conheça

A neurose pode aparecer de diferentes formas, dependendo de como a pessoa reage a situações estressantes ou traumas passados. Vamos entender um pouco mais sobre os três tipos principais de neurose: obsessiva, fóbica e histérica, todos eles ligados a como lidamos com nossos medos e ansiedades mais profundas.

Neurose Obsessiva

A neurose obsessiva acontece quando a pessoa fica presa em pensamentos ou ações que não consegue controlar. É como se a mente estivesse em um looping, repetindo sempre as mesmas ideias ou necessitando executar determinadas tarefas de maneira compulsiva, como lavar as mãos várias vezes. 

Isso causa muito sofrimento, porque a pessoa percebe que esses comportamentos não são normais, mas se sente incapaz de parar. Na visão psicanalítica, isso pode ser uma tentativa de lidar com ansiedades ou conflitos internos não resolvidos, usando essas repetições como uma forma de controle.

Neurose Fóbica

A neurose fóbica é marcada por um medo intenso e irracional de objetos, situações ou lugares específicos. Esse medo é tão forte que leva a pessoa a evitar completamente o que teme, o que pode limitar muito sua vida. Por exemplo, alguém com medo de elevadores pode recusar empregos em prédios altos. 

Psicanaliticamente, essas fobias podem ser vistas como manifestações de medos inconscientes, nas quais o objeto de medo na verdade simboliza uma ameaça interna que a pessoa não consegue enfrentar diretamente.

Neurose de Histeria

A neurose de histeria é um pouco mais complexa e pode envolver sintomas físicos, como paralisias ou cegueira, que não têm uma causa médica identificável. Esses sintomas são a expressão física de conflitos psíquicos profundos. 

O interessante é que a pessoa geralmente não tem consciência de que sua condição tem uma origem mental. Do ponto de vista psicanalítico, a histeria revela como emoções reprimidas e traumas podem se manifestar através do corpo, como uma forma de chamar atenção para um sofrimento interno que precisa ser reconhecido e tratado.

Freud e as neuroses: entenda

Sigmund Freud, um pioneiro da psiquiatria e fundador da psicanálise, trouxe à luz o conceito de neurose, marcando uma de suas contribuições mais significativas para a compreensão da mente humana. Ele achava que a neurose tinha muito a ver com a forma como expressamos nossos sentimentos mais íntimos, especialmente os relacionados ao amor e ao desejo. 

Ele estudou muito sobre os problemas de neurose, especialmente o medo exagerado que algumas pessoas sentem, chamado de fobia. Freud explicava que esse medo não é só uma coisa simples, mas algo que mostra problemas mais profundos na mente da pessoa.

Freud dizia que mesmo quando alguém está muito preocupado ou tem pensamentos que não consegue parar, essa pessoa ainda consegue pensar direito. Mas esses pensamentos que não param podem fazer a pessoa se sentir presa e infeliz.

Ele queria entender por que as pessoas se sentem ansiosas ou com medo sem um motivo claro, pensando que isso acontece por causa de conflitos escondidos dentro delas. Freud acreditava que falar sobre esses problemas e entender melhor ajudaria as pessoas a se sentirem melhor.

Conceito de Neurose de Histeria

Ela se caracteriza principalmente por estados de alteração da consciência, ocasionando amnésia e perda de memória. É nela que podem vir a ocorrer manifestações sensitivas ou motoras, paralisia, cegueira e alguns tipos de tiques.

Geralmente, os sintomas da neurose são temporários. 

Em seus estudos sobre a histeria, Freud  definiu como sendo uma variante anormal do comportamento, uma atitude exagerada de origem psíquica. Na histeria, o indivíduo acaba por “encenar” doenças como forma de escapar de algumas situações que considera insuperáveis para si.

Foi através do caso de uma paciente chamada “Anna O” que Freud descobriu que as manifestações físicas dos histéricos estavam relacionadas a lembranças reprimidas que tinha grande intensidade para o indivíduo, e concluiu que essas manifestações físicas eram teatrais.

Os indivíduos que possuem a neurose de histeria apresentam sintomas característicos de alguma doença e, por essa razão, estes sintomas foram divididos em dois grandes grupos: os dissociativos e os conversivos.

Nos sintomas dissociativos, existe como predominância um rompimento com a realidade, que pode ocasionar eventos como desmaios, amnésias, automatismos, além de outros sintomas. Nos conversivos, apresenta-se a predominância de manifestações físicas que têm origem em conflitos psíquicos, podendo conter contraturas, espasmos, tremores, perda da fala e alguns tiques.

Neurose x Psicose

Neurose e psicose representam dois espectros distintos dentro dos transtornos psicológicos, cada um com suas características e implicações para o indivíduo afetado. 

A neurose, embora envolva níveis significativos de ansiedade e estresse, não desconecta a pessoa da realidade. Indivíduos neurotizados podem experimentar uma gama de emoções intensas, como medos irracionais, obsessões persistentes ou ansiedade debilitante. 

No entanto, uma característica distintiva é a sua capacidade de reconhecer, até certo ponto, a irracionalidade de seus pensamentos e sentimentos. Isso permite que mantenham uma funcionalidade relativa em suas atividades cotidianas, apesar das dificuldades emocionais e psicológicas que enfrentam. 

Por outro lado, a psicose marca uma ruptura profunda com a realidade, apresentando sintomas como alucinações e delírios. Alucinações envolvem percepções sensoriais sem estímulo externo real, como ouvir vozes inexistentes. 

Delírios são crenças fortemente mantidas com pouca ou nenhuma base na realidade, como a convicção de ser perseguido ou possuir habilidades especiais. 

Diferentemente da neurose, a psicose pode afetar drasticamente a capacidade do indivíduo de realizar tarefas diárias, exigindo frequentemente intervenções médicas mais intensivas. 

A psicose pode ser um componente de condições crônicas, como a esquizofrenia, ou resultar de fatores externos, incluindo uso de substâncias ou condições médicas. 

A distinção entre neurose e psicose é fundamental para o diagnóstico e a abordagem terapêutica adequada. Enquanto a neurose pode ser abordada com uma combinação de terapia e, em alguns casos, medicação para aliviar os sintomas, a psicose requer uma estratégia de tratamento mais abrangente e muitas vezes a administração de medicamentos para controlar os sintomas mais graves. 

Sintomas da neurose: importância do diagnóstico

A neurose apresenta sintomas que variam de indivíduo para indivíduo. Quem se encontra com neurose pode manifestar medo frente a situações corriqueiras, preocupação constante, alterações de humor, fobias diversas, traços histéricos, ou medo de ir a determinados lugares por exemplo. 

É aí que se dá a importância do diagnóstico da neurose, pois, com a avaliação psicológica feita pelo profissional, o psicólogo vai entender quais questões da vida desse paciente o levaram a despertar este estado.

Com isso, é possível diagnosticar o paciente de forma correta, para que seja encaminhado para um tratamento psicoterapêutico de qualidade que o ajude com suas neuroses.

Sentimento de instabilidade nas emoções e preocupações excessivas fazem parte desse quadro. O neurótico sente de forma intensa seus sentimentos e emoções, se deixando levar por pensamentos desagradáveis e acaba tendo comportamentos que o prejudicam em seu cotidiano.

As fantasias que muitas vezes são criadas no imaginário de um neurótico acabam por não se concretizar. O sofrimento intenso que é vivido por algo que não ocorreu se torna evidente, trazendo mais angústia e conflitos internos na pessoa.

Alguns dos sintomas que o neurótico pode vir a ter são: angústia, insônia, ansiedade, paranoia, fobias, sensação de vazio, entre outros que podem fazer com que a pessoa se torne intolerante em relação ao que acontece em sua vida.

São múltiplas as causas da neurose e qualquer pessoa se encontra sujeita a sentir seus sintomas, por conta disso se faz de grande importância o seu diagnóstico.

Prevenção da Neurose: como identificar e abordar fatores de risco

Embora a neurose seja uma condição psicológica complexa e influenciada por uma variedade de fatores, a prevenção desempenha um papel fundamental na promoção da saúde mental. A compreensão e a intervenção precoces podem ajudar a reduzir a incidência e a gravidade da neurose, melhorando a qualidade de vida das pessoas afetadas.  

Identificando Fatores de Risco:

  1. História Pessoal ou Familiar:

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) indivíduos com histórico pessoal ou familiar de distúrbios psicológicos, como ansiedade ou depressão, podem estar em maior risco de desenvolver neurose. Identificar esses antecedentes é crucial para a prevenção.

  1. Trauma e Estresse:

Experiências traumáticas ou estressantes, como abuso, perda de entes queridos ou eventos traumáticos, podem contribuir para o desenvolvimento da neurose. É essencial fornecer apoio às pessoas que enfrentaram tais situações.

  1. Isolamento Social:

A solidão e o isolamento social podem agravar problemas de saúde mental, incluindo a neurose. Estabelecer conexões sociais e redes de apoio é crucial.

Abordando Fatores de Risco:

  1. Apoio Psicológico:

Oferecer aconselhamento e apoio psicológico para indivíduos que enfrentam fatores de risco, como histórico de trauma ou estresse crônico, pode ajudar a reduzir o impacto desses fatores na saúde mental.

  1. Promoção da Resiliência:

Fortalecer a resiliência emocional por meio de técnicas de enfrentamento saudáveis, como a prática da atenção plena (mindfulness) e a terapia cognitivo-comportamental, pode ajudar a proteger contra o desenvolvimento da neurose.

  1. Conscientização e Educação:

Educar a comunidade sobre os sinais precoces da neurose e a importância de buscar ajuda é fundamental. Isso pode incluir campanhas de conscientização e palestras sobre saúde mental.

Neurose tem cura? Conheça os possíveis tratamentos

Não existe cura, pois ela não é considerada uma doença, mas um estado psicológico. O estado de neurose é um modo do inconsciente mesmo que limitado, o expressar de alguma forma. 

Apesar de não ter cura, existem tratamentos para que o transtorno não fique tão mal ao paciente, e para que o mesmo tenha uma melhor qualidade de vida.

Existem alguns tratamentos na psicoterapia como a psicanálise e terapia cognitivo comportamental que também se mostram eficazes quando se fala desse assunto.  

O seu tratamento pode acontecer através da psicanálise e este em algumas situações acaba sendo a modalidade indicada, em que tem o seu início na descoberta dos sentimentos, emoções e angústia que geram sofrimento e que se encontram na origem desses sintomas.

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